Finalizando o mês de agosto, o Getulinho, Hospital Getúlio Vargas Filho, de atenção pediátrica em Niterói, realizou duas rodas de conversa sobre o Agosto Lilás, de combate à violência a mulheres. Pela manhã, o professor Rolf Malunguinho, da UFF, reuniu profissionais homens do hospital, enquanto à tarde, Rosalia Lemos, professora do IFRJ Nilópolis, trabalhou o tema com as mulheres.
Em comum, o alerta ao gritante número de agressões motivadas pela violência de gênero. Dados de 2023 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) indicam que, no Brasil, uma mulher a cada 6 minutos sofreu estupro e em cerca de 6 horas uma morreu por femicídio. No contexto de um hospital pediátrico, em que há um grande envolvimento de mães e meninas pacientes, capacitar os profissionais a perceberem sinais de alerta de violência e multiplicarem o conhecimento para prevenir casos é primordial.
O professor Rolf trouxe problematizações sobre exigências de comportamento aos homens em todas as etapas de vida; como uma rotina de agressões pode traumatizar as mulheres; e a necessidade de autorregular o ímpeto violento e ter uma rede de apoio que envolve atores importantes, como profissionais de saúde mental, pessoas com mais idade e líderes religiosos/espirituais “A violência só deveria ser um recurso em casos de autodefesa”, afirmou.
Rosalia, que fundou a Codim – Coordenação de Direitos das Mulheres na Prefeitura de Niterói, em 2003, perguntou para cada participante da roda de conversa que visão elas tinham sobre o tema: construção de autoestima, preconceitos derivados de questões geracionais, a busca pelo seu próprio lugar no mundo, para além do cuidado familiar, foram algumas das confissões reveladas. A professora que dá aula de Direitos Humanos no IFRJ, exibiu o vídeo “Breve história das mulheres no ocidente” que relaciona as questões religiosas no domínio da mulher, “Cada mulher foi forjada na luta para conseguir estar onde quiserem estar e conquistar seus espaços e direitos”, concluiu.
Para Elaine Lopez, diretora do hospital, encontros como esse mostram a relação transversal da saúde com assuntos importantes na sociedade. Segundo ela, “momentos como esse se traduzem em oportunidade de reflexão e conscientização sobre temas que importam a todos nós! Somos parte e responsáveis pela sociedade que construímos!”.