Atualmente, a médica Patrícia Neves é a diretora do Centro de Referência Covid-19, em Angra dos Reis. Ela esteve à frente da direção executiva do HGVF, o Getulinho, em Niterói de 2013 a 2016.
IDEIAS: Como foi esse desafio, em plena pandemia, de montar este Centro de Referência para Covid-19?
PN: Fomos bem acolhidos aqui e montamos um centro de referência de ponta. Com muita responsabilidade, acompanhamos os dados epidemiológicos junto com o grupo técnico da prefeitura de Angra, porque temos aqui centros de triagens para covid, conhecidos pela população como tendas, por causa da estrutura. Conforme aumentava o número de atendimentos nas tendas, a gente aumentava o número de internações.
Era tudo novo, com o surgimento das vacinas nascia a esperança que iríamos parar esse vírus de alguma maneira. Por mais que divulgássemos medidas de restrições para conter o avanço da Covid-19, sabíamos que não seriam suficientes. A vacina veio para nos ajudar nessa guerra.
Nós tivemos a primeira redução de leitos ocupados em agosto de 2020. Passamos de 120 para 60 leitos, demonstrando um maior controle da epidemia. As vacinas estavam começando a ser aplicadas e acreditávamos que a gravidade do quadro dos pacientes iria reduzir com a vacinação. Porém, chegando em dezembro levamos um susto: veio a segunda onda da Covid-19. De novo, tivemos um aumento no número de casos e de internações. Aumentou-se o número de leitos. Só que houve uma mudança no perfil dos pacientes: os idosos estavam vacinados e os jovens eram atingidos pela doença. Angra dos Reis é uma cidade turística, com fluxo de pessoas de várias partes, ou seja, difícil de avaliar de onde vieram e para onde vão as pessoas. Começamos a internar pessoas mais jovens, com uma gravidade maior e foram meses bem difíceis aqui: janeiro, fevereiro, março… Até que a vacina avançasse pelas faixas etárias e os resultados surgissem.
IDEIAS: Como você avalia a parceria com a prefeitura de Angra dos Reis para frear a Covid-19?
PN: Aqui em Angra, fizemos um planejamento, atualizado o tempo inteiro. Tanto nos centros de triagem quanto no centro de referência, aprimoramos o atendimento conforme os estudos e as vacinas iam avançando para o combate ao vírus. Hoje, todos os profissionais do Centro de Referência Covid-19 estão felizes com os resultados. Em 15 meses de funcionamento do centro de referência, internamos cerca de 1,6 mil pessoas com 80% de pacientes recuperados. A cada alta hospitalar era uma alegria para os profissionais daqui e um alívio para os familiares.
IDEIAS: Hoje, em média, quantos pacientes são internados?
RN: Hoje temos quatorze pacientes internados, nove pacientes no CTI. Temos à disposição todos os leitos. Essa instalação é um legado para o município. Trabalhando com o princípio da economicidade, vamos acompanhando a estatística epidemiológica para tomar atitudes administrativas de acordo com o fluxo de trabalho.
O que tiramos disso tudo é que com trabalho sério, de qualidade, que valorize a ciência os frutos veem. A gente nunca sabe tudo, é necessário sempre capacitar o profissional de saúde. É na dificuldade que crescemos como profissionais e como pessoas. E a Covis-19 foi e é um desafio para toda a humanidade.
Acredito que a experiência que o Instituto Ideias adquiriu aqui, é um marco histórico para a instituição. Acho que podemos comemorar, pois fomos exitosos, salvamos muitas vidas e isso é o mais importante.