Foi um dia muito produtivo para o tema Cuidados Paliativos, ontem 29/11, para cerca de 150 pessoas que compareceram ao auditĆ³rio do Hospital Ronaldo Gazolla.
Os palestrantes foram a mĆ©dica geriatra Ana Claudia Quintana Arantes, o mĆ©dico psiquiatra Alcio Braz, a mĆ©dica e professora Jeane Juver, o enfermeiro paliativista Alexandre Ernesto, a mĆ©dica geriatra Livia Coelho e a nutricionista oncolĆ³gica Ana Claudia Gomes.
No inĆcio da explanaĆ§Ć£o a doutora Ana Claudia Quintana, que tem cerca de cinco livros publicados, citou uma frase de um dos seus livros: āAs pessoas morrem como viveram. Se nunca viveram com sentido, dificilmente terĆ£o a chance de viver a morte com sentido.ā
A doutora Ana Claudia ressaltou que cuidados paliativos e interconsultas sĆ£o a base do acolhimento hospitalar. Sendo cuidados paliativos a abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares, diante de doenƧas que ameacem a continuidade da vida; e interconsulta a continuidade do atendimento mĆ©dico por outro profissional da Ć”rea de saĆŗde, de forma integrativa e complementar.
āA classe mĆ©dica tem que considerar a prĆ”tica de cuidados paliativos como uma consequĆŖncia indispensĆ”vel da sua qualidade como um profissional de saĆŗde. E tem que entender que nĆ£o Ć© sobre nĆ³s; no cuidado paliativo, a famĆlia e os familiares sĆ£o os protagonistas.ā Citou a doutora Ana Claudia.
Um exemplo de cuidados paliativos na sua essencial Ć© a atuaĆ§Ć£o do paliativista mineiro Alexandre Ernesto Silva que atua, no Rio de Janeiro, com o projeto Comunidade Compassiva, na Rocinha e no Vidigal.
Comunidade Compassiva Ć© um modelo de atenĆ§Ć£o Ć saĆŗde para pessoas elegĆveis a cuidados paliativos, reunindo o controle social, a extensĆ£o universitĆ”ria, o voluntariado, buscando integraĆ§Ć£o Ć s redes de atenĆ§Ć£o Ć saĆŗde no Sistema Ćnico de SaĆŗde.
Recentemente, Alexandre Ernesto foi eleito o oitavo enfermeiro mais influente da AmĆ©rica Latina e do Caribe pela Sigma Theta Tau International Honor Society of Nursing, a segunda maior organizaĆ§Ć£o dessa Ć”rea no mundo.
āFalar de Comunidade Compassiva Ć© fĆ”cil, mas precisamos motivar pessoas de outras regiƵes a tambĆ©m fazer este trabalho. SĆ³ para vocĆŖs terem ideia, tem uma fila de mais de 20 mĆ©dicos esperando uma vaga para atuarem no nosso projeto de Comunidade Compassiva, poderiam atuar em outro projeto do que ficar esperando.ā Falou, incentivando o enfermeiro. E citou mais: āOs pacientes que mais precisam de cuidados paliativos, em nĆŗmeros, em primeiro sĆ£o os de cardiologia, em segundo de oncologia. A expectativa de vida dos brasileiros Ć© de 77 anos, mas resta saber se sĆ£o dias de vida ou de qualidade de vida. Em estudos, a expectativa de vida aumenta e junto vem as doenƧas crĆ“nicas nĆ£o transmissĆveis: doenƧas como hipertensĆ£o, diabetes e doenƧas reumĆ”ticas. A populaĆ§Ć£o brasileira estĆ” envelhecendo, antigamente famĆlias tinham 5, 6 filhos, hoje, a mĆ©dia Ć© 0 ou 1 filho. As polĆticas pĆŗblicas de saĆŗde tĆŖm que se adequar Ć nova realidade.ā
āQuanto maior a quantidade de idosos, maior o nĆŗmero de pessoas com doenƧas crĆ“nicas, e maior a necessidade de cuidados paliativos. HĆ” um impacto na saĆŗde com o envelhecimento da populaĆ§Ć£o. Outro dado interessante Ć© que, no atlas global de cuidados paliativos, sĆ£o citados casos de crianƧas (7%), adultos (de 20 a 49 anos ā 25,9%; adulto de 50 a 69 anos ā 27,1%) e idosos (40%), com doenƧas como demĆŖncia, HIV, Cirrose, doenƧas hepĆ”ticas, tuberculose resistente etc.ā Informou a mĆ©dica da SUBHE/PADI, doutora Livia Coelho.
Ć importante encerrar com uma frase da OMS (OrganizaĆ§Ć£o Mundial da SaĆŗde) sobre cuidados paliativos: āA equidade no acesso aos cuidados paliativos Ć© um direito humano.ā
Cuidados paliativos nĆ£o Ć© sobre morrer, Ć© sobre como vamos viver, dignamente, atĆ© lĆ”.