Janeiro branco – saúde mental dos brasileiros pós-pandemia

A palavra pandemia já assusta qualquer pessoa. O mundo não estava preparado, emocionalmente, para o que ocorreu. As consequências financeiras, sociais e emocionais foram muitas.

Logo no início, em março de 2020, a OMS (Organização Mundial de Saúde) decreta que o isolamento social seria uma medida protetiva contra a propagação do Covid-19.

Para o povo brasileiro caiu como uma bomba toda essa situação. Para um povo acostumado com relações afetivas estreitas, trouxe muito sofrimento.

– O isolamento social como medida protetiva contra o coronavírus foi essencial, mas se mostrou um gatilho para algumas questões de saúde mental. – Cita a psicóloga Ana Lúcia Torres, da Clínica da Família Herbert José de Souza e CMS Ariadne Lopes de Menezes, da AP 3.2.

– Em 2017, a OMS já cita o Brasil como o sendo o país das Américas com maior sofrimento em saúde mental, tais como ansiedade e depressão. Com a chegada da pandemia, esses números aumentaram. O Brasil está entre os cinco países com maior índice de sofrimento psíquico durante a pandemia. – Declara Ana Lúcia.

A pandemia fez mudanças consideráveis na vida das pessoas. O isolamento, a perda de emprego, a mudança de hábitos cotidianos mexeu com o estado emocional dos brasileiros. Essas mudanças não foram escolhas, mas foram impostas à população como medidas essenciais e necessárias de proteção.

As principais queixas dos brasileiros, durante a pandemia, foram o medo da infecção e a perda de emprego.

– No consultório, foi constatado a alteração constante de humor; a irritabilidade; o sentimento de impotência diante do vírus, por não conseguir proteger a si e os entes queridos; tristeza, depressão e ansiedade; o medo de perder a renda e o emprego. Esses são alguns dos sintomas de adoecimento psíquico. – Constata a psicóloga Ana Lúcia.

Outro alerta constatado foi o aumento do consumo de bebidas alcoólicas, do tabaco, da violência doméstica, em contrapartida à diminuição de atividades físicas.

Há ainda relatos graves de automedicação por conta de ansiedade e depressão, por parte de pacientes das unidades primárias de saúde.

Devido ao isolamento, ocorreram descompensação de pacientes com doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes, e aumento de distúrbios alimentares.

A nutricionista Norma Carolina Batista, da CMS Ariadne Lopes de Menezes, relatou o aumento do consumo de alimentos afetivos, durante a pandemia, como fuga de problemas emocionais. – É um bolo de vó, um chocolate ou um doce de infância. Além do exagero de consumo dos alimentos ”fast food”, pedidos por delivery. — Acrescenta Norma.

Mais outra reclamação dos brasileiros: o distúrbio do sono, como a insônia. Ficar em casa alterou a rotina de trabalho junto com as preocupações da situação mundial. A insônia vem acompanhada de irritabilidade, impreterivelmente.

– O que observei aqui no consultório, foi que as mulheres foram mais afetadas psicologicamente com a pandemia. Os filhos e maridos em casa alteraram a rotina das famílias, e aumentaram as tarefas domésticas junto com o home office. – E Ana Lúcia cita mais:

– O peso do luto foi muito grande. A pandemia ceifou famílias que não puderam velar e se despedir dos parentes. Ainda atendo pessoas que não superaram essas perdas repentinas.

A saúde mental é muito importante para qualquer um. Então, vamos voltar à rotina gradativamente, restabelecer os laços afetivos e os exercícios físicos. E caso precise, busque ajuda profissional.

Rolar para cima